As eleições passaram. O Brasil elegeu a primeira mulher presidente, diplomada na presente data pelo Tribunal Superior Eleitoral. A novela Vale Tudo é reprisada no Viva, um dos 28 canais da Globosat. Aquilo é a história, meu filho! E a namoradinha do Brasil estava lá não pesquisamos se botox existia naquela época, mas a tia Jocelyn pode contar pra gente.
Vídeo raro, gravado quase 3 anos antes da estreia de Vale Tudo
Uma possível versão, segundo uma vertente da Teoria da Conspiração, é que a nossa heroína estaria desde lá tentando proteger o Brasil do que ela sabia que aconteceria cerca de 21 anos depois: a chegada de Odete Roitman à presidência da República, o que é claro culminaria no fim do mundo para umas pessoas que você deve saber quem.
A trama seria inspirada no filme Os Doze Macacos. O público acompanharia atento e aflito o desenrolar do enredo, cheio de enigmas e reviravoltas incluindo a clássica técnica da virada de pescoço de Regina Duarte.
A saga de Raquel Acioly contra as ideias de mundo de Odete Roitman se confunde com a campanha de Regina Duarte contra os petistas no poder. E, julgando pelas aparências e a fama de Dilma Rousseff de mulher durona, chegamos a uma interessante versão. Fictícia é claro, e talvez até mais saborosa que a oficial.
Durante as eleições, havia notado a semelhança entre o visual da inesquecível personagem interpretada por Beatriz Segall e o da então candidata do PT, Dilma Rousseff. Hoje, buscando o nome das duas no Google vi que não estava sozinho. Detalhe para a fala de Odete Roitman no capítulo 34 de Vale Tudo:
"O Brasil está devendo 100 bilhões de dólares, pois pra mim isto é uma brincadeira. Porque este país tem condição de dever muito mais. O problema é a administração desta dívida que é mal feita. Era só deixar comigo que vocês iam ver só com o que ia acontecer com este país."
O responsável pela mudança no visual de Dilma foi Celso Kamura, famoso por seu trabalho com atrizes da Rede Globo emissora que surgiu em 1965, ligada à ditadura militar que havia surgido ainda no anterior. A divulgação do novo look teria ocorrido em 21/05/10 através do blog dele. Dois meses depois começaria a campanha para a presidência e após mais três meses Odete estava de volta com direito a aparição nas salas de cinema. O cabelereiro, no entanto, teria mostrado à Dilma fotos da estilista Carolina Herrera.
A Globo, além de um sério trabalho de denúncia, através da caracterização de Dilma em uma das maiores vilãs das telenovelas brasileiras - uma espécie de Espelho Mágico do Vídeo Show - teria feito uma campanha para orientar os cidadãos telespectadores do que fazer nas eleições. Assista ao vídeo com carinho:
Coincidências?
A novela Vale Tudo, escrita por Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères expunha as mazelas da sociedade brasileira do fim da década 80, pós ditadura militar. Concentrando-se com ênfase nas implicações morais e discussões éticas. Abordava questões sobre o poder - com marcante presença da mulher no liderança, tanto no mundo corporativo, Odete e depois também Raquel, como nas relações amorosas, entre Raquel e César, em que ela dava as cartas - a repressão sexual, a homossexualidade, entre outros. Para mim uma obra de arte pop.
E Dilma Rousseff? Sua campanha foi marcada por questionamentos morais, Serra a apontava como uma ameaça a moral e os bons costumes. Muitos afirmavam que ela era autoritária e temida pelos colegas - similar a Odete Roitman que deixa a todos morrendo de medo isso me lembra alguém só de pensarem que ela poderia voltar ao Brasil, desde a irmã, os filhos, passando pelos empregados e até deus, como é conhecido Marco Aurélio, vice-presidente da TCA, comandada pela socialite direto da Europa até que ocorre uma crise na empresa que a faz vir ao País e começar a mexer os pauzinhos de ouro alterando a vida de todos, sempre de acordo com suas ideias de sucesso e felicidade.
A história da presidente eleita é ainda marcada pela luta contra a ditadura militar e sinaliza, conforme ela mesma, a vitória dos que sobreviveram ao período. Lembremos que a ditadura terminou em 1984 e a novela estreou em 1988.
A verdadeira face de Dilma ainda será revelada, promete a oposição.
Introduzindo as viagens no tempo e relações bombásticas entre as personagens, afinal estamos falando de uma versão brasileira para Os Doze Macacos, aí segue um spoiler: Raquel é na verdade avó de Lula. Isto porque sua filha, Maria de Fátima - ou dona Lindu, de acordo com a história oficial - deu à luz ao menino que seria presidente do Brasil e faria a nazista Odete Roitman chegar ao poder.
Abaixo você poderá assistir ao clássico vídeo conhecido como "Eu tenho medo", realizado quando Raquel tentava nos prevenir o que aconteceria se seu neto fosse eleito em 2002.
Como nos avisaram os profetas: O Haiti já é, o Irã será.
Este estudo visa analisar a obra fílmica “A Vila”, escrita, produzida e dirigida por M. Night Shyamalan ATENÇÃO para a tecla SAP: spoilers is coming. Enquanto obra de arte, é possível encontrar nela uma série de signos de interpretação variada. Será feita uma breve descrição das cenas, com foco em objetos e diálogos que nos pareceram ter objetivos maiores de significação no entendimento das mensagens do filme. É de influência direta para a interpretação adotada aqui, o pensamento de Schopenhauer e Nietzsche a partir do livro “O pessimismo e suas vontades” de José Thomaz Brum.
Na primeira cena, quando são ainda apresentados os créditos do filme, vemos um fundo cinza, escuro, árvores desnudas de folhas, com galhos que parecem garras, imagem que irá se repetir por diversas vezes. A música é tensa. Em contraste, na próxima cena é dia, tudo é claro, a música não toca, ouvimos apenas o som da natureza num espaço aberto, cheio de árvores verdes. Estamos no entanto em um cemitério, onde ocorre um enterro. Ao aproximar-se a câmera, percebemos que o defunto é uma criança ainda pequena. Em seu epitáfio o ano registrado é 1897. Um homem, ao qual identificamos durante o curso do filme ser o pai, agachado junto ao caixão, chora muito. O sofrimento, muitas vezes ligado à escuridão é sentido, ainda que o sol, a luz, brilhe, e domine todo o cenário.
“Nós podemos nos perguntar em momentos como esses: Tomamos a decisão certa ao nos estabelecermos aqui?”. A pergunta feita por Nicholson permanece sem resposta, sendo contudo revista ao final do filme.
“Somos gratos pelo tempo que nos foi dado”, é a afirmação - repetida em outras reuniões - feita pelo Sr. Walker, o principal ancião da cidade. A comunidade está à mesa numa grande refeição que segue o enterro. Todos parecem tristes, inclusive as crianças. Este sentimento de solidariedade com o sofrimento do outro é considerado por Schopenhauer como a “única felicidade”. Ainda durante o almoço um som estranho é ouvido vindo da floresta. Noah Percy é o único que destoa do grupo, rindo muito alto diante do silêncio sepulcral dos outros.
Mas logo somos apresentados ao estilo de vida no vale. A vida segue e vemos crianças lavando louças e divertindo-se jogando água uma na outra. Ao fundo há um casal que passeia. Uma mulher pastoreia o rebanho de ovelhas. Homens e mulheres trabalham numa estufa, um homem se dirige a uma mulher. Donzelas divertem-se enquanto varrem a varanda da casa, rodopiando com suas vassouras – a visão da rotina, a continuidade da Natureza. Ou conforme José Thomaz Brum, parafraseando Schopenhauer: “Os indivíduos, ‘fenômenos passageiros’, nascem e morrem. Mas a natureza, que se interessa apenas pela conservação da espécie, é ‘indiferente’ a esse processo.”
Ainda na cena das moças na varanda, uma delas avista algo que consideram fora de seu lugar. É uma planta de frutos vermelhos. Elas a arrancam e com pressa a enterram. Missão cumprida, elas retornam ao trabalho, agora mais quietas.
Considerando a notícia do discurso em que o Papa Bento XVI se pronuncia sobre eleições no Brasil, algumas perguntas me vieram a cabeça e se proliferaram diante da mensagem abaixo, proferida pelo candidato José Serra:
Busquei saber o que a Igreja Católica diz sobre a Maçonaria e o encontrei na declaração assinada por Joseph Card. Ratzinger - sim o próprio Bento XVI - em 26 de novembro de 1983, confira trecho abaixo:
"Permanece, portanto, imutável o parecer negativo da Igreja a respeito das associações maçônicas, pois os seus princípios foram sempre considerados inconciliáveis com a doutrina da Igreja e por isso permanece proibida a inscrição nelas. Os fiéis que pertencem ás associações maçônicas estão em estado de pecado grave e não podem aproximar-se da Sagrada Comunhão."
Só lembrando que a temática do aborto, como muito bem colocado pela filósofa e professora da USP, Marilena Chauí, e acho você e eu sabemos, só foi inserida por Serra - que depois teve de diminuir a voz por conta do aborto que sua esposa teria feito - NUNCA fez parte da campanha de Dilma Rousseff. Mas Serra disse:
"A sociedade brasileira precisa absorver os ensinamentos acumulados pela ordem maçônica para que ela possa evoluir melhor na direção de um mundo mais justo, melhor pra todos."
Será que contaram isso para o Papa? Será que na Missa que será transmitida hoje às 6h pela Rede Globo o Padre Marcelo Rossi falará sobre isso, assim como se manifestou no dia da eleição do 1º turno para que os fiéis não votassem em Dilma por que ela comia criancinhas?
Como diria o Carlos: "try to read between their lines".
Cuidado com o discurso dos desesperados. Daqueles que nos incitam ao medo, ao ódio. Para saber qual a proposta de José Serra lembremos ou busquemos melhor saber como era o Brasil até 8 anos atrás. "Mulher despreparada?" Você não conhece a candidata? Não viu os debates? Não procurou outra fonte ou observou o mundo a sua volta? Dilma Rousseff participou ativamente do Prouni, do Minha Casa Minha Vida, da luta pela preservação ambiental... Serra pode ter experiência eleitoral e diz isso como se tudo fosse, mas Dilma tem experiência política e administrativa que é o que nos importa para análise. Repito: cuidado com o discurso do medo e do preconceito. E por último: "povo burro vota em gente burra"? Eu diria em suas palavras que povo burro vota em gente esperta que nunca o considerou. Uma pessoa burra cospe no prato que come... mas pior: alguns deixam o seu limpo e cospem no prato dos outros.
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O texto acima foi publicado como comentário, em resposta aos demais, na página do Yahoo onde noticiava o último debate eleitoral para a Presidência da República. Só para acrescentar:
O debate não foi realmente marcado pelo tom de ódio instaurado pelo PSDB. Embora Serra tenha tentado criar situações, acredito que com pouco êxito. Ao contrário do que uma senhora comentou era ele que ficava constantemente atrás de Dilma, e diferente de quando ocorria o oposto, as câmeras da Globo entortavam-se para melhor enquadrá-lo, ainda que fosse ela que estivesse falando. Por que será?
Para concluir, indico dois vídeos, um com o comentário da filósofa e professora da USP Marilena Chauí que traz, em síntese, diversos esclarecimentos, com destaque para a estratégia da desinformação, tão marcante na campanha tucana.
Fazendo ainda referência a campanha de Serra, que com o aparato da desinformação buscou desqualificar e despersonalizar Dilma Rousseff, considero que o próximo contribui para um melhor conhecimento da presidenciável, através de entrevista realizada pelo Roda Viva em 28 de junho deste ano.
P.S. Lembrando que ambos os vídeos indicados apresentam continuações.
AVISO: Esta montagem não foi feita no Photoshop...
Vocês estão mesmo desesperados! A Mídia e uma pseudo-Igreja nunca estiveram tão unidas nos últimos tempos. Como teria dito corajosamente o Padre Francisco Gonçalves** usam o nome da Igreja para levar fiéis a discórdia e às urnas com o candidato de vocês e o medo do lado. Por que será? Caluniam e caluniam. Para cada público criaram uma estratégia: No Casseta e Planeta, despersonificam a Dilma tornando-a um travesti, um fantoche, puxa-saco, tudo o que sabem ser negativo no imaginário coletivo em nossa cultura. Enquanto que Marina, o próprio Serra - o "carequinha camarada" - , vendia a ilusão de um voto do eleitor cabeça, a alternativa, que se dizia a favor de um segundo turno limpo entre mulheres, mas... está aí atuando conforme combinado. Enganou alguns - menos do que os que não foram votar, mas vocês insistem em brilhantá-la. Usam desde a internet ao panfleto na rua com as mesmas estorinhas de comedores de criancinhas de tantos anos atrás. Calúnia: esse é o jogo de vocês, desesperados pelo poder que por 8 anos fugiu-lhes as mãos. Quem conhece a Bíblia, sabe bem quem representa a figura do caluniador. Quem lê o que vê na tv e vê o que lê por aí sabe reconhecê-los.
*O texto acima é um desabafo enviado ao blog do senhor Reinaldo Azevedo da Veja, considerando que a citada revista tornou-se propriedade intelectual exclusiva da máquina que quer José Serra no poder. A Ditadura é deles!
** O padre referia-se aos panfletos espalhados na porta da Igreja durante a missa, com a presença de José Serra, que faziam acusações a Dilma Rousseff num mix do estilo Era Medieval Queima Que é Bruxa com o Cuidado Que Come Criancinha do século passado - largamente adotado pelo PSDB para a campanha à presidência.
"Eu quero ser o presidente da união! Vamos juntos brasileiros e brasileiras porque o Brasil pode mais" - trecho do discurso de José Serra sobre sua candidatura à Presidência da República em 2010.
Ato II
Serra durante debate da candidatura à Prefeitura de São Paulo nas eleições de 2004.
Para ressaltar o brilhante diálogo que pode ser lembrado no vídeo acima, transcrevo-o abaixo:
Boris Casoy - O senhor ou a senhora aceita assumir neste momento o compromisso de cumprir integralmente o seu mandato na Prefeitura e recomendar ao eleitor que se o não cumprimento do mandato ocorrer não vote mais no senhor?"
Após declaração do candidato Ciro Moura...
José Serra - Eu assumo esse compromisso como já assumi, embora alguns candidatos adversários possam dizer que eu vou sair para me candidatar para Presidente da República para Governador etc (...) minha determinação, meu compromisso é governar São Paulo por 4 anos."
Boris Casoy - E se o senhor não o fizer o senhor recomendará nesse instante ao eleitor que não vote no senhor?
José Serra - Estou assumindo um compromisso nos termos que você disse.
E não é difícil saber o que aconteceu depois...
"Entre 2004 e 2008 a cidade de São Paulo foi governada por José Serra (2004-2006) e Gilberto Kassab (2006-2008). José Serra foi eleito prefeito no segundo turno com 3,3 milhões de votos (55% dos votos válidos), seiscentos mil a mais que Marta Suplicy do PT, que tentava a reeleição. No dia 1º de janeiro de 2005, Serra tomou posse do cargo de prefeito com mandato para até 1º de janeiro de 2009.
Gilberto Kassab assumiu a prefeitura de São Paulo em 31 de março de 2006, após a renúncia do então prefeito, José Serra, que saiu para se candidatar ao governo do estado de São Paulo nas eleições de outubro de 2006." (Fonte: Wikipedia)
Ato III
Três lições que podemos tirar disso:
1 - A estratégia de marketing está desatualizada e continua contando com a burrice e falta de memória alheia. O problema é que talvez os tempos não sejam os mesmos.
2 - "O César tem firmeza no que faz" é um trecho do jingle da campanha de Serra. A equipe que preparou a campanha dele não é boba e não caiu na garfe que seria cantar: "o Serra tem firmeza no que diz".
3 - Serra é do bem e já havia avisado: não vote Serra.
Antes de começar, devo explicar que como não sabia onde colocar o music video Música para ouvir de Arnaldo Antunes, encaixe-o aí em cima o que não significa que seja uma imposição para que a sua primeira atenção se dê a assisti-lo. Se eu fosse um poeta dos bons provavelmente saberia... nem foi esta a tal música que me desencadeou o texto abaixo. Depois que acordei, peguei num livro e fui me alimentar do pensamento dos outros, momento em que me confrontei com a ideia de confrontar-me com o meus próprios, mas mesmo durante esse tempo um vizinho que prefiro não identificar chegou impondo o pensamento de terceiros. Tratava-se do álbum inaugural de Maria Rita que nem desgosto.
Eu quero pensar. Vejo minha imagem refletida na tela e noto olhos sujos; na verdade limpos já que a sujeira saiu e está em volta. A música interefere no raciocínio e nem sempre isso é sinal que lhe fará pensar. Quantas vezes me percebi cantando coisas que não entendo, além de muito do que discordo. Outro dia ouvi a Maria Bethânia dizer que só canta o que acredita. E quantas vezes cantei suas músicas cheias de coisas que não acredito?
Olho em volta e não estou diferente. Ouvimos música demasiadamente. Nos entorpecemos com música. Música é uma droga. Basta ser mal utilizada por um tolo qualquer e pronto. A masturbação é outra droga. Droga digo daquilo que lhe tira do domínio de si, mas só a ponto da coisa lhe escravizar. A vida em comunidade pode nos tornar meras amebas. Como tudo pode ser tão ruim? O mal está em todo lugar. Mesmo nas virtudes, mesmo na caridade, mesmo nos conselhos despropostitados.
Olhar o céu... Lembro dos sonhos em que voava. Tenho sentido falta deles se os tenho já não lembro. Agora lembro que neste último sonhei que via uma menina com quem estudei. Ela usava uma roupa comprida, como um sobretudo, de cor azul como na escola e provavelmente era mesmo um uniforme escolar. Agora me parece que tenha sido algo como eu hoje voltado no tempo, pois ela parecia a mesma e pegava o metrô como antes. Eu é que estava como só depois passei a parecer. Ela passava como tantas e me parece que ao atravessar-me encontrava com alguém, possivelemnte uma outra menina a qual não conheço, talvez duas.
O desenho do céu mudou bastante desde aquele momento, o caminho antes aberto estreitou-se, fechado senão pela luz. Eu pensei e sabia que era um sonho mas agi depois como se não soubesse. Fui cumprimentá-la, achava estranho ela estar ali como que vinda do passado, ou seria eu no passado? Lúcia. Ela respondeu? Parece que sim. Mas vem o trem, embora estivéssemos por alguns momentos numa estação de metrô. Avisos sonoros foram feitos, muitas pessoas reclamavam umas com as outras (quando reclamações são feitas aos responsáveis - sempre a representantes que nada representam - em geral acabam em brigas, discussões acaloradas que perdem o objetivo aparente e se tornam como chamam barraco, recheadas de xingamentos pessoais e extensivos aos familiares, comumente de referências a moralidades sexuais).
Lúcia desapareceu, parece que não entendi o que ela respondeu mas era tarde e ela se foi como meu sono. O que adianta passar a vida falando das coisas que não viveu? Sonhar não é o mesmo que lamentar. Lamenta-se pela perda no futebol, cogita-se o não cumprimento de promessas, como os outros são infelizes... E eu pergunto para que?
Em 02 de maio de 2010, prometi escrever sobre um fato que ganhou notoriedade na grande mídia e pela internet afora: Lula está entre os líderes mais influente do mundo pela Time em 2010. Embora não o vejamos na capa da revista, como você pode conferir acima.
Pois bem, quase um mês depois e estou aqui de volta. Não posso deixar de notar que o político estadunidense Bill Clinton, apesar do escândalo há 10 anos com Monica Lewinsky, ficou em primeiro lugar como herói, segundo explicam por conta de seu trabalho no Haiti, aparecendo na capa junto com Lady Gaga, a artista mais influente, e em ano de Copa do Mundo na África o jogador de futebol marfiense Didier Drogba.
Verdade também que o nome de Lula tampouco chega a aparecer na capa. O que enfraquece a acusação de alguns de que "os americanos estavam muito preocupados em nos agradar".
No entanto, Rosa, uma leitora do blog que citarei logo à frente, alertou-nos com um comentário bombástico às 6:45 de 29 de abril de 2010: "pensem bem no que é que tá por traz de tanta honrraria a Lula… pensem… perguntem-se porque? o tal 1º mundo anda engraxando o pêlo do vendedor de banha da cobra de Garanhuns? É FACIL GENTE!!!!! OS HOMI TÃO DE OIO NAS MATERIAS PRIMAS DO BRASIL!!!(...) (eles) se aproveitam do Cara e do nosso nascionalismo tupiniqum…".
Em defesa da senhora Rosa, explico que ela escreve assim, provavelmente como ironia ao que pensa ser a língua de todos os "nacionalistas tupiniquins", o que aparentemente deve significar sinônimo de "eleitores do Lula". Interessante ainda em seu ponto de vista é que ela diz que a história se repete há 500 anos, porém sabemos que o Brasil nunca foi governado por gente como Lula mas de gente bem mais parecida com o gabaritado José Serra por 502 anos!
Engraçado é que o nacionalismo made in USA não os impede de fazer boas piadas consigo mesmos nem com seus ídolos, mas também não os faz perder o orgulho do que é deles
O que havia mesmo me indignado e movido a escrever é que quando busquei informações em sites brasileiros sobre a indicação de Lula, por ambos os lados sim, tanto manifestações da esquerda como da direita, de modo a elaborar de maneira mais lúcida uma análise da notícia, os resultados eram comprometedores.
Hoje, retornando ao Google e as palavras chaves "Lula+Time" e seus derivados o quadro parece muito pouco diferente.
O que encontrei? A maioria dizia razoavelmente a mesma coisa e praticamente não havia nenhuma análise, nem de blogueiros, nem de leitores, embora estejamos vivendo a época da "democracia da informação" e outros tantos nomes que dão a esta era que supostamente marca a vitória de poder dizer o que pensamos e compartilhar rapidamente com um grande número de pessoas; assim, o que me pareceu mais "reflexivo" e extremamente calculado foi o que li no blog escrito por Reinaldo Azevedo, relacionado a Veja.
O que dizem lá, meu caro Watson?
Quando Michael Moore se junta a Lula, não é estranho que a primeira vítima seja a verdade. Quanto à mentira sobre ser o petista “o” mais influente da Time, bem, essa já conta com a ajuda do jornalismo mesmo.
Desde quando a mídia apóia e ainda por cima com unanimidade ao presidente Lula? Lembra de Muito além do Cidadão Kane? Se fosse estratégia, como sugere o jornalista, dar uma notícia falsa seria na verdade um tiro no pé, considerando que estamos num momento em que facilmente podemos checar a informação e até saber antes de a televisão nos contar.
Seria mesmo estratégia? Só se for contra Lula.
Não sei se o senhor Reinaldo Azevedo não prestou atenção, mas em sua vontade "jornalística" de nos esclarecer que Lula não era o mais influente, ele esqueceu de dizer que ele não era o campeão de votos. Você pode conferir a lista completa publicada pela revista Time, clicando aqui.
Até o momento o artigo conta com 100 comentários, mas todos dizem essencialmente a mesma coisa por que será? e alguns arriscam a declarar-se orgulhosamente Serristas. Chegam até a afirmar mentem descaradamente que Lula teria acabado com o país. Leia por exemplo o que diz uma antenada leitora chamada Miriam:
Caro Reinaldo, queria que o Michael Moore passasse uns 6 meses no Brasil, sem mordomias de turista ou cineasta.
Tenho até uma sugestão de roteiro: Maranhão, Pará, Rio Branco, Acre, Bahia, Paraíba… até o norte de Minas Gerais, conhecendo um pouco deste imenso Brasil, usando nossas estradas federais, conhecendo a população indígena, ribeirinha… Esse cidadão teria oportunidade de conferir como o cara mudou o mundo PARA PIOR!
Poderia dar uma passada em Salvador, e ver como algumas famílias e suas crianças se alimentam dos restos de comidas em lixos de supermercados.
Aí eu pergunto: por onde passeava até 2002 esta digníssima senhora que não sabe a história deste país, que não sabe as condições existentes desde a colonização e principalmente que nada se faz tão rápido num território imenso e cheio de desigualdades centenárias? Bem, os políticos que provavelmente ela deve ter eleito até a chegada de Lula a Presidência, com certeza, acabaram com tudo o que havia de ruim no Brasil e ela agora vê Lula mudar "o mundo(?) PARA PIOR".
Lembremos: Fernando Henrique Cardoso também ficou oito anos no poder e se podemos dizer do Real, que já era anterior a ele, também não esqueçamos das privatizações de grande favorecimento aos empresários e a baixa qualidade com que ainda somos servidos hoje pelos mesmos. Sem mencionar o prestígio que gozou internacionalmente, apesar de intelectual, nada comparável ao do "ignorante", para não usar um termo tão xulo quanto aos dedicados pelos direitopatas.
Falam ainda como se Lula é que fosse responsável pela exploração dos grandes empresários aos nosso país, mas desde quando todo empresário ou bilionário é corrupto? E mais, desde quando o governo pré-Lula não trabalhou em prol prioritariamente dos empresários, num jogo em que ganhar só valia para eles e perder, dentro de "nossa" lógica, cabia a eu e você?
Se Lula abriu os olhos dos investidores estrangeiros para o Brasil não foi nos estrangulando como nos legou FHC e logo pretende José Serra se o deixarmos, mas nos viabilizando além do consumo, o acesso à educação, com destaque para o Prouni que levou muita mãezinha que pagava a faculdade pro filhão que não passava na pública ao ódio; e daí uma possível explicação para o "eleitorado feminino" estar "receoso" diante da candidata Dilma.
Aos interessados e indecisos, recomendo analisar a matéria Por que elas resistem a Dilma publica esta semana na Época, mas não se esqueça de quem possivelmente são mães parte são daqueles "coitadinhos" que perdem espaço no mercado de trabalho para os pobres que não deveriam ter tido condições mínimas de concorrer com os rebentos da classe média alta, alguns aqueles mesmos filhinhos que de vez em quando voltam a aparecer no noticiário espancando gente pela rua e dirigindo alcoolizados e cheirados depois de usufruir os prazeres junto aos "favelados" ao som do batidão as tais mulheres "naturalmente conservadoras" que priorizam a Educação à Ideologia.
Note que dizem como se votar em Dilma demonstrasse um leitor não preocupado com as coisas que influenciam diretamente a vida das pessoas. A economia, lembrando que o Brasil passou pela crise mundial muito bem obrigado alô, alô Grécia, EUA, Itália, Inglaterra e cresceu fortemente com Lula e todas as outras conquistas de visibilidade internacional, somada a força política e os avanços sim também na área da educaçãoViva ao Prouni! e pergunte aos professores das faculdades privadas quem sãos seus destaques em sala de aula parecem não ter a menor importância e as garantias de continuidade com Dilma na presidência não fazem parte do ponto-chave em sua candidatura. Será?
Porém a acusação mais grave talvez seja encontrada no questionamento de um leitor que se identifica como Wittgenstein: "Eu gostaria de saber qual a influência Lula exerce no mundo para estar nessa lista" e que ainda chega a afirmar: "Todas as ações internacionais só deram com os burros nágua." Quando disse isso, em 29 de abril às 5:39 da tarde, ele provavelmente não sabia o que estava por vir. Sim, mais recentemente Lula teve sucesso em sua influência em questões de grande relevância com o Irã. Com as quais mesmo os Estados Unidos não obtiveram êxito, apesar de toda influência...
Sobre o sucesso de Lula no Irã, recomendo para mais detalhes o Estadão ou o blog pessoal do jornalista Paulo Henrique Amorim.
Se procura o texto de Michael Moore sobre Lula, a tradução para o português pode ser encontrada no blog do Planalto, no entanto, se preferir outra fonte pode também perguntar ao oráculo ou ler no original em inglês.
Mas se você não confia no Tio Sam e acha que tudo o que os sobrinhos dele dizem só pode ser marmelada o que não deixa de ser uma desconfiança saudável desde que não caiamos no exagero veja o que dizem os "argentinos" dos estadunidenses pois é, essa palhaçada de rivalidades rocambolescas também é cultivada entre o pessoal do "primeiro mundo" no Le Monde, um jornal ultra conceituado como um veículo de comunicação verdadeiramente independenteo que significa que eles não precisam vender mais, nem concorrer e fazer agrados no filão da publicidade e elevadamente crítico em suas colocações:
Mas se você não dá a mínima para o que dizem lá fora e acha que só quem viveu a dor é quem pode dizer alguma coisa, confira o resultado da pesquisa pela Datafolha realizada em 20 e 21 de maio:
Apesar de não ser adepto ao esquema maniqueísta, não posso deixar de dizer que achei interessante o vídeo do Galo Frito, um grupo de comediantes que produziu em 2009 uma sátira esdrúxula do filme Crepúsculo usando como personagens Lula, Dilma e Serra. O resultado? Pelos comentários parece que o pessoal achou engraçado, mas somente em breve saberemos o fim desta história, numa urna mais perto de você.
Enquanto isso, assista ao trailer. Mas não se esqueça que você é bem mais que um mero espectador.
Depois de assistir mais uma vez ao O Grande Ditador - "coincidentemente" havia reassistido esta semana também ao Bastardos Inglórios - sobre os quais pretendo escrever depois, acabei de ver uma entrevista com Lala Deheinzelin sobre
Não temos como viver como Adão e Eva e nem precisamos. Precisamos mesmo é agradecer todos os dias pelas pessoas que pensaram, disseram e fizeram as coisas que teríamos de pensar, dizer, fazer. É o que li recentemente quanto a uma das conclusões as quais chegou o cientista Albert Einstein. Sem a contribuição dos estudiosos de antes, talvez não houvesse hoje a Teoria da Relatividade.
Há que se considerar ainda a Teoria dos Campos Mórficos, da qual já citei aqui no blog, e que afirma haver algo muito mais poderoso na transmissão de conhecimento do que as formas de registro e meios de comunicação que conhecemos. Em termos simples, é mais fácil, por exemplo, resolver na segunda-feira as palavras cruzadas publicadas no domingo. Porque? Outros já chegaram as respostas e você poderá chegar a elas através de uma espécie de sintonia, sem fios, sem ondas.
A primeira vez que tomei conhecimento sobre essa teoria, proposta pelo biólogo inglês Rupert Sheldrake, foi no blog da Psicopedagoga Sandra Prado, a quem aproveito para expressar minha gratidão. Mas, pelo título deste post, você deve estar se perguntando cadê a Rita Lee. Confesso, na verdade, que só no momento em que a página de nova postagem abria que percebi a relação dela com o que eu que me moveu a abrir a página do Blogger.
Acontece que li, nesta semana o texto Sem medo de ser feliz na revista Tempo, edição nº003, que tem como capa basicamente o perfil de Lars Grael e o texto "Coragem! Você está só" ousado por sinal, afinal a maioria da revistas nos presenteiam com capas lotadas de títulos de matérias na tentativa de nos agarrar nem que seja por uma notinha com conteúdo facilmente encontrável na internet. Carla Rodrigues traz-nos uma pequena, porém forte lista de mulheres admiráveis, entre elas estão Patrícia Galvão, Alice Walker, Frida Kahlo, Georgia O'Keefe e Wangari Mathai.
Infelizmente, sobre a última, pacifista, ecologista e prêmio Nobel da Paz, há um erro na edição que acaba confundindo quem não estiver atento, ou não tiver já lido a parte dedicada a artista plástica Georgia O´Keefe. Imagino o editor desesperado depois da publicação onde lemos "Ela nasceu em novembro de 1887 numa fazenda no estado em 1940, mais de um século depois de as mulheres europeias terem conquistado o direito de estudar. Para as mulheres do Quênia (...)" aviso que o correto é "Ela nasceu em 1940" e daí por diante.
Mas tentemos deixar a prolixidade de lado e vamos ao que interessa. Se nos blogs a temporalidade é questionável já que você pode reeditar infinitas vezes o que publicou, a objetividade pode ser desafiada, como na literatura. José Saramago é um grandes exemplos de prolixidade. Outro que destaco é A hora da estrela, um dos meus livros prediletos, escrito por Clarice Lispector que declarou em 1977 o orgulho em ser amadora, "Eu sou uma amadora e faço questão de continuar sendo amadora. Profissional é aquele que tem uma obrigação consigo mesmo de escrever, ou então com outro, em relação ao outro. Agora, eu faço questão de não ser profissional, para manter a minha liberdade". Se você leu até aqui, talvez me entenda ou decida de vez parar até
Li a autobiografia de Patrícia Galvão Paixão Pagú há uns quatro anos. Quando tentei comprar o livro, ele já havia sumido e até hoje não o possuo para uma consulta mais profunda. Então, usarei como referência o que foi publicado na revista e que me fez perceber, mais uma vez, que sempre temos algo a aprender, "só sei que nada sei", lembra? mas também sempre temos algo a lembrar.
Ao escrever o último post sobre o mito do amor materno, reconheço que faltei com a memória e não citei Pagú. Pois dentre tantas reflexões polêmicas sobre sua vida - incluindo o desencanto com o Partido Comunista - escritas quando ela ainda tinha por volta de 30 anos, encontramos o questionamento a experiência com a maternidade, "que para ela não foi exatamente marcada pela realização plena e feliz".
Pagú, lembro, no entanto é reconhecida com bastante orgulho na introdução do livro pelo filho caçula, Geraldo Galvão Ferraz, que buscou compartilhar as memórias da mãe, publicadas em 2005 pela Editora Agir.
De certa forma, mesmo num relato que pare ela funcionou como um depoimento diante de anos de tortura e espancamento por questões políticas, Pagú se faz admirável também por expor questionamentos sobre o mito do amor materno, quarenta anos antes do estudos da filósofa francesa Elizabeth Badinter que conclui que o "amor de mãe" não é algo natural (para saber mais clique aqui).
Outra figura que merece ser lembrada é Leila Diniz. Se Demi Moore foi a primeira a aparecer bela e sexy e grávida na capa de uma revista, a atriz brasileira, ainda em 1971, vinte anos antes da estadunidense, abalou a sociedade carioca com o misto "cheia de graça" associação feita a mulher durante a gestação, seguindo a simbologia associada a Maria mãe de Jesus porém "sensual", ao aparecer na praia vestindo biquini aos 8 meses de gestação, em plena ditadura militar.
Sendo uma atriz famosa e uma personalidade pública bastante polêmica, pode-se pensar que a elaboração que Leila fez de sua própria vida atingiu não apenas as pessoas mais próximas, mas também contribuiu para legitimar idéias e práticas consideradas revolucionárias para a época em que viveu. Ao escolher ter um filho fora do casamento, rompeu com o estigma da mãe solteira. Sua fotografia grávida, de biquíni, foi estampada em inúmeros jornais e revistas por ser a primeira mulher a exibir a gravidez.
Miriam Goldemberg - Antrópologa, autora de Toda mulher é meio Leila Diniz
Procurei onde foi publicada esta foto mas não encontrei. Achei interessante porém, colocá-la aqui por não ser a da praia, mais conhecida, e estar nua como vimos Demi Moore e todas as outras.
Com certeza haverá ainda muitos outros exemplos, mas são estes por hoje.
Aproveito para dizer que 2010 é o ano do Centenário de Pagú. Informação que não lembrava, só achei no fim da pesquisa para este post no site oficial e percebi que não encontrei nenhuma menção ao assunto em nenhum lugar de acesso ao grande público. Mas não pense que falo de discriminação contra o povão, pois mesmo na revista Tempo da Sky, voltada "principalmente para os clientes Sky com ticket médio alto, pertencentes às classes A e B.", segundo o Portal Imprensa, embora diga que ela nasceu em 1910 o texto é construído sem ressaltar o dado importante do centenário.
Infelizmente, apesar da minissérie global Um Só Coração e do filme de Norma Bengell, as referências ainda são poucas, talvez para que se esqueça que o mundo não foi sempre assim e muita gente lutou para que as coisas mudassem ou porque isto são coisas do fundo do baú e já não lembramos mais nem da última pessoa que beijamos.
E o que tem a Rita Lee haver com isso???
Rita é compositora de duas músicas muito conhecidas do grande público que fazem referências diretas respectivamente a Pagu e a Leila Diniz. Enfim, olhar o passado pode possibilitar muitas novidades. Nem que seja para sentir o prazer de sentir gratidão pela vanguarda do outro.
Já vi muita gente cantando essa música, regravada depois por Maria Rita, sem a menor noção de quem é a tal da Pagu que dá título a canção.
"Toda mulher é meio Leila Diniz", além de refrão parece ser o único trecho lembrado dessa música, não? duvido que muitos saibam cantá-la por inteiro. Confundindo os que não sabem que ela se chama "Todas as mulheres do mundo", em referência ao filme homônimo em que Leila Diniz protagonizou dirigida pelo marido na época, Domingos de Oliveira.
Mais do que você viu por aqui ou coisas relacionadas:
"Mãe é tudo igual."
"Só quem é mãe pode sentir."
"Ser mãe é a melhor coisa na vida." Será?
Em um trabalho de comunicação interna de uma empresa de construção civil e arquitetura, são realizadas entrevistas com três funcionárias para uma campanha desenvolvivida pelo setor de marketing para o dia das mães. A primeira está acima de 50 anos e tem nível superior, as outras duas estão na faixa de 30 a 35 anos e possuem nível médio de escolaridade. As respostas no entanto parecem uniformes, apesar de as mulheres aparentarem grande sinceridade ao expor suas dúvidas e medos.
Algumas confessaram a culpa de sair de casa e deixar seus filhos para trabalhar.
Sentem-se mal e embora repitam outra ideia muito popular: "não me arrependo de nada", não demonstram convicção. Já que sabem não satisfazer plenamente o "papel de mãe" previsto em nossa cartilha imaginária.
Em resumo, as declarações refletem o que chamamos de senso comum, e como você deve ter precebido não são privilégios de uma amostragem pequena e isolada.
Xuxa realizou o "papel de mãe" para a geração 80 que cresceu em frente à tv, funcionando como uma "babá perfeita" para muitos pais parece que Freud explica. E se tornou representante de um modelo de maternidade para as "baixinhas" que se tornaram mães no início do novo milênio (Sasha nasceu em 1998). Hoje, assistimos na televisão o que Xuxa preconizava: uma mãe alegre, jovem, com cara de irmã mais velha que veste as roupas que a filha quer usar, ou compra as mesmas, e pode ser chamada de gostosa pelos colegas da escola do filho, agindo por vezes, de modo um tanto infantil, mesmo na visão dos filhos.
É no entanto, ao olhar ingênuo da jornalista que apurou os dados e redigiu o texto para o informativo interno da empresa, que me indigno. Pois, a esta, além de mulher, recai a responsabilidade de estar no grupo de formadores de opinião. Porém, quantas pessoas tem acesso a um questionamento consistente ao mito do amor eterno? Infelizmente mesmo entre "intelectuais", vemos a crença reproduzida.
Mas não podemons nos dar ao luxo de apenas uma versão, de manter um olhar que não se desafia a enxergar nada além do senso comum e que compactuará em consequência com os mecanismos de poder, reforçando ainda mais um mito que mal-trata a mulher que precisa assumir vários papéis sem deixar de ser mulher para o marido, para as amigas e inimigas, e profissional em seu trabalho, sempre com perfeição, principalmente no papel de mãe.
Alguns atribuem a foto de Demi Moore, clicada por Annie Leibovitz em 1991, como a primeira vez em que se deu destaque a imagem da mulher grávida, estando associada a um padrão de beleza. Há não muito tempo antes, a gestação era considerada um momento comparado ao estar doente, era recomendável a mulher não sair de casa, aparecer nua então... De lá pra cá, são muitos os exemplos na mídia de mães enquanto gestantes.
Origens
O Dia das Mães é notoriamente a época que gera mais lucro no comércio brasileiro, antecedida somente pelas festividades do Natal. É também talvez quando o discurso "ser mãe é natural" é revigorado, reforçado, algumas vezes atualizado. A celebração remonta a Antiga Grécia, em honra a deusa Réia, mas a data foi proposta por Anna Jarvis ao governador William E. Glasscock de Virgínia Ocidental, Estados Unidos, comemorada pela primeira vez em 1910.
Movida pela dor da perda de sua mãe, Jarvis que havia lutado por três anos para a instituição de um dia em homenagem as mães, decepcionou-se e chegou a declarar em 1923 a um repórter: “não criei o Dia das Mães para ter lucro”. Logo depois entrou com um processo para cancelar o Dia das Mães, o que sabemos não teve êxito. A ideia já havia se tornado lucrativa para algumas pessoas.
Desde 1918, o Dia das Mães é comemorado no Brasil igualmente no segundo domingo de maio. Passando em 1947, a fazer parte também do calendário oficial da Igreja Católica no país, por determinação de Dom Jaime de Barros Câmara, Cardeal-Arcebispo do Rio de Janeiro.
Quanto ao mito do amor materno, como o conhecemos, afirmam ter sido uma invenção só surgida no século XIX. Em Um amor conquistado - o mito do amor materno de Elizabeth Badinter, publicado em 1980, a história da maternidade é analisada com profundidade, trazendo fatos que sustentam a afirmação observada no título do livro: o amor materno é um mito, pois varia de acordo com o tempo e o espaço, tratando-se de algo cultural e não natural.
Alguns talvez lamentem e praguejem diante de algo contrário ao que estamos acostumados a ver e a ler nos noticiários, novelas, filmes, romances e anúncios de publicidade. É verdade que a mídia quase inteira divulga, reforça e mostra "provas" de que há um sentido que nasce com a mulher e que a fará ser a melhor mãe do mundo. No sábado, 08/05/10, assisti pela primeira vez na tv, a menção ao trabalho de Badinter. Obviamente isto pode ter sido dito antes, mas repito, quantas pessoas têm acesso a essa informação? Se nem jornalistas..?
Experimente buscar, por exemplo por instinto materno e veja o que aparece. Note que o programa Saia Justa faz parte do acervo da Globo Vídeos mas ele nem constará na lista, apesar da palavra-chave estar ligada ao resumo apresentado no site sobre o episódio citado. Se buscar mito do amor materno, veja o que aparece.
Já ouvi muitos até questionarem de forma lógica por que algumas mulheres não se encaixam nos padrões de comportamento esperados em nossa sociedade. Os questionadores, no entanto, não podem sair do lugar comum das digressões ou conversas de botequins. Experimente você sair por aí falando sobre "mito do amor materno" e espere as pedras ou rápidas mudanças de assunto.
Mas revisemos agora as mensagens encontradas nas falas das mães entrevistadas.
Mãe é tudo igual
Não importa o quão seja única e intrasferível a personalidade, a mulher enquanto mãe tem um padrão a seguir, uma expectativa que lhe foi introjetada desde os primeiros contatos com sua cultura e que será cobrada durante toda a vida e por todos os lados (em maior ou menor grau). No texto original da jornalista chegamos a ler: "As dúvidas e os medos são os mesmos em relação aos filhos". É claro que existem semelhanças entre as pessoas, mas por que as dúvidas seriam iguais? E aquilo que me dá medo é bem possível que você não lhe cause nenhum espanto. Algumas mães, por exemplo, morrem de medo que seus filhos deixem se seguir a sua religião, podendo até rejeitá-los caso isso ocorra não pense somente naquela senhora que usa o cabelo no pé e suvaco cabeludo, isto não é privilégios de evangélicos, a intolerância religiosa pode ser encontrada em todos, até entre ateus, enquanto outras não se preocupam sequer em lhes dar educação religiosa. Quem é para você a mãe desnaturada?
Só quem é mãe pode sentir
Essa seria uma frase repetida pelas três entrevistadas. Embutido nesta "pérola", encontramos outras como "mãe tem sexto sentido de mãe", e se substituirmos mãe por mulher podemos concluir que só quem é mulher pode ser mãe. Busque no Google por "sexto sentido de mãe" e encontrará em 144.000 resultados em 0,23 segundos de material que reforça a veracidade da afirmação. Infelizmente até um texto atribuído a Fernando Sabino aparece na lista, carregando, devido a autoria, um valor superior como informação-verdade já que são as falas de um representante da classe "culta" por que a Dona Sebastiana, aquela babá anafalbeta que criou os filhos da socialite não tem cultura, então não é culta, pois não?.
"As mulheres são mães! E preparam, literalmente, gente dentro de si. Será que Deus confiaria tamanha responsabilidade a um reles mortal?" - Fernando Sabino
Polêmicas à parte, levando em consideração a afirmativa de que só a mulher tem o privilégio de ser mãe e considerando as entrelinhas das palavras de jornalista e escrito, em que ser mãe é igual a gerar e parir uma criança e todas as outras coisas depois, chegamos num impasse que serve inclusive de argumento para os que se opõem a criação de crianças por casais homossexuais; mesmo os compostos por duas mulheres, afinal "mãe só tem uma" e a criança, tadinha ficará perdida sem saber quem é a "mãe de verdade".
Anônimo. Mucama com criança ao colo. Óleo sobre tela. Figuração rara de uma ama de leite, atribuída por alguns autores a Debret como representação de Dom Pedro de Alcântara com um ano e meio de idade no colo de sua ama.
“Mãe tem uma só”, conhecida frase que rodou nosso continente em boca dos higienistas na segunda metade do séc. XIX, segundo Rita Laura Segato, professora do Departamento de Antropologia da Universidade de Brasília (UnB), é relacionada as intenções de preservação dos brancos da contaminação e da corrupção moral que a presença de negros na intimidade da casa senhorial estaria a introduzir. Daí que as amas de leite passaram a ser condenadas até que o ato de amamentar foi transferido ao seio materno branco e limpo, o seio recomendado, agora, da mãe - senhora.
Ser mãe é a melhor coisa na vida
Notou que a afirmação acima é completável na cabeça, tornando-se facilmente "ser mãe é a melhor coisa na vida de uma mulher"?
Mas qual é a maior realização na vida de uma mulher? Siceramente, não sei. É provável que dependa da cultura, dependa de como a pessoa se insere ou se opõe a ela... Mas o que dizem é que ser mãe é o que realmente traz sentido a vida da mulher, de toda mulher. E se não traz, voltamos a sentença: "é uma desnaturada".
O mérito de ser mãe
Segundo as psicólogas Tania Novinsky Haberkorn e Sheila Skitnevsky Finger, que criaram o Instituto Mãe Pessoa para apoiar as mulheres no cumprimento e satisfação de seus papéis (em síntese: profissional, mãe e mulher), “ é necessário abandonar mitos e crenças, delegar funções, listar prioridades e viver com menos culpas”, e afirmam: “não existe manual para ser boa mãe”.
É de se esperar, no entanto, afinal viva as diferenças!, que algumas pessoas se encaixem muito bem no papel a que foram conferidas, de acordo com sua época, lugar, além de onde se situam nas estruturas sociais. Por isso, haverá sempre mulheres, que se sentirão tão realizadas e identificadas diante do "manual da boa mãe" que recebem, que será muito fácil acreditar tratar-se de algo para o qual nasceram para ser. O problema é quando também aceitamos que ser ser diferente não é normal. Podemos apontar duas consequências disso:
- Os que não se encaixam nos padrões predominantes deverão sofrer de depressão, pois internamente devem se cobrar por não correponder as cobranças da "natureza", uma esperada auto-punição, afinal o amor materno é natural e se no caso que tratamos a mulher não se encaixar no que acreditamos ser "amor de mãe" ela é uma...nem precisava dizerdesnaturada.
- Seguindo a lógica maniqueísta, em que se sou bom e você ruim devo destruí-lo, ou seja, se ser bom é ser como eu e você é diferente de mim, logo... toda mulher que não deseja ser mãe ou não se sente plenamente realizada com o trio gestação, parto, amamentação deve ser jogada na fogueira, nem que seja dos comentários maldosos das amigas e parentes decepcionados com a DESNATURADA.
Os filhos, logo também a incluem na lista por não satisfazer seus critérios de mãe. Há os que acham que ela deveria comprar um carro e pagar todas as suas dívidas, outros que ela deveria saber tudo sobre moda, e os mais clássicos que a desejam ver como uma boa cozinheira-lavadeira-passadeira que deve receber todas as suas reclamações diante do bife que queimou, como uma operadora do setor de atendimento. Estarei agendando uma visita técnica para averiguar sua reclamação, Senhor.
O papel de ser mãe, no entanto, não necessariamente está restrito àquela que tem o bebê a crescer em seu corpo, dá a luz e o amamenta. Isto tornaria inaceitável desde as amas-de-leite, por quem muitos foram alimentados até pouco tempo atrás, as babás, as creches e inclusive a adoção. Tampouco está restrito ao sexo feminino, vide os homens que recebem o título de pãe, numa tentativa de dar-lhes o mérito sem entregar o direito de protagonista da história.
Voltando para Badinter, além da quebra de um paradigma, ou uma ideia que temos como única e verdadeira já que sempre aprendemos assim, podemos tirar dos estudos da filósofa francesa que o “amor de mãe”, senão é inato, é ainda mais belo. Pois demonstra a disposição de amar alguém a quem em geral não se conhece. Ser mãe envolve não só proteger, alimentar, cuidar do outro, mas também, inseri-lo na cultura e ensinar-lhe a ser humano, a pensar, a sentir e a amar, mas não por imposição da natureza e sim por amor.
A cantora e dançarina Josephine Baker, grande sucesso que marcou a primeira metade do século XX, é também tida como um exemplo de mãe. Todos os seus doze filhos foram adotados sim a Angelina Jolie não é pioneira nisso e são de etnias diferentes. Mas por que de tudo quanto é cor? Sim a Benneton também não foi a primeira A musa de Georges Simenon, Pablo Picasso, Alexander Calder, E. E. Cummings, além de uma sexy celebridade internacional, era engajada, lutou contra o nazismo e o racismo. E não se ateve em por em risco até a vida luxuosa que havia conquistado em nome da boa criação dos filhos.
O papel de mãe, contudo, não cabe necessariamente a apenas uma pessoa e nem sempre foi cobrado da mãe biológica. Levar a frente o mito do amor materno como algo natural é sustentar uma série de medos, frustrações e até preconceitos.
Há mães que são mães de seus filhos, mulheres que são mães de seus maridos, de seu pai, de sua mãe, de seus avós, dos amigos, dos patrõezinhos, dos filhos da vizinha, de quaisquer crianças, com todas as variações que isso pode representar. E embora mais raros, há também homens que amam com amor de mãe, afinal, essa é uma forma de amar.
Assim, concluo que devemos dar o mérito a todos aqueles que traduzem em suas vidas e sentimentos a dor e a delícia de "ser mãe".
Outras fontes sobre o mito do amor materno e o papel da mãe:
No Brasil, muito se falou e quanto mais falada a notícia melhor pra gente, se é que você me entende... da lista das pessoas mais influentes do mundo pela Time, onde já estiveram presentes Hitler e Stalin e onde agora tivemos Lady Gaga e Lula. No que isso tudo vai dar (ou deu)? Veremos. Mas não me julgue antes mesmo de eu acabar. Leia a postagem prometida, clicando aqui.
P.S.
P.P.S. Se você só queria mesmo saber quem é a pessoa mais influente na vida de Lady Gaga, assista ao vídeo que aparece no topo deste post e saiba por ela mesma.
Eu já comecei a escrever três posts hoje. Todos inacabados. Todos me parecem sem sentido. Caminhei por sites, principalmente blogs, pesquisando para o que pretendia escrever. Encontro gente que já falou sobre o mesmo assunto e daí a crise: como ser original? Algumas disseram coisas que eu gostaria de ter dito. O que me ensina mais uma vez que sempre terei o que aprender.
Em seguida vem: como ser eu? filosófico demais pra você, sinceramente? eu já me importei mais com a sua opinião, pega outro post, copia a fotinho e não vá se perder por aí Percebo que sempre serei eu cheio de problemas, cheio de coisas a fazer, cheio de fantasias, traumas, medos, cheio de vontade de fazer outra coisa que não o que eu devo fazer...
Pensei em eleger a Lily Allen como a musa deste blog. Mas uma musa é aquela que inspira (vem da mitologia grega, eram na verdade 9 as musas, todas irmãs, filhas de Mnemósine, deusa da memória) e eu estou em crise de inspiração. Então, usarei a Lily (isso me lembrou outra musa) para ilustrar como estou me sentindo agora.
Ah, por que ela? Bem, apesar dos tempos correrem rápido por interesse de alguns a ponto de nenhum blog "cool" querer mais falar sequer de Bad Romance por ser "velho" você ainda deve lembrar de The fear, o clipe foi bem divulgado e tem uns balões e dancinha... Aliás, confesso antes da pedra chegar que também eu substituí Lily Allen por Lady Gaga no meme onde a guardava.
Mas como bom resistente revolucionário nestes dias acho que incluí até a revolução em minha lista de resistências revolucionárias irei lembrar aqui o que diz a música da moça sim essa que você ia dizer gorda..
I don't know what's right and what's real anymore And I don't know how I'm meant to feel anymore When do you think it will all become clear Cause I'm being taken over by the fear
Para quem prefere a tradução, não não vou te mandar para outro site segue abaixo:
Eu não sei mais o que é certo nem o que é real Nem sei mais como eu devo me sentir Quando você acha que tudo vai se esclarecer? É porque estou sendo tomada pelo medo
Essa música me faz pensar em muita coisa. Inclusive: Lady Gaga a bola da vez de todos os blogs e noticiários de tv sobre música e celebridade parece que ela se faz cada vez mais presente e em qualquer lugar, talvez até entre gregos e troianos.
Foi de certa forma a partir The Fear que a interpretei. A americana tal qual a inglesa, parece ser crítica sem colocar-se como se estivesse de fora e não fosse vítima e algoz da mesma coisa com a qual ama e odeia.
Alguma estratégia? Explorar todo o excesso até conseguir a exaustão. Explodir o sistema por dentro, de seu núcleo. Algo como a aranha que seduz o macho para o acasalamento e depois da cópula o mata.
Encontrei reciprocidade a essa ideia diante de Bad romance, onde ela é exposta, primeiro obrigada assim como eu e você, com menos ou maior prazer, com menor ou maior adequação, depois insistente, chora, dança, seduz até ser escolhida, mas diante da conquista elimina seu objeto de desejo e você sabe quem é ou o que ela deseja?. E em Telephone, onde divide com Beyonce o papel de assassina e incluí em sua matança outros tipos, além de namorados machistas (como em Paparazzi, inclusive gays e mulheres.
Estou começando a escrever mais um daqueles posts intermináveis. Mas se há algum leitor neste blog, talvez saiba que não faço nada que não volte depois de repensar para tentar fazer melhor. E penso que esse pode ser mesmo a vantagem e a grande evolução que tivemos na escrita com o surgimento dos blogs.
Escrever permite lidar com o destino de pessoas, situações na ficção, é claro. Embora alguns contribuam para mudanças efetivas no mundo e em nós. Como ser o mesmo de A hora da estrela? ou o que o mundo se tornou depois de Freud? e escrever num blog permite reescrever o passado tal como em 1984.
Conclusão: o Big Brother está em você, portanto seja melhor do que o que disseram que nós seríamos.
Mas se você entrou aqui por engano e não gostou do que viu ou leu, talvez ache mais interessante um blog do qual me pareceu bem badalado desculpe se estou falando de novo de coisa que todo mundo sabe, ele funciona desde 2003 e já teve três milhões, duzentos e oitenta e nove mil e vinte quatro até agora que provavelmente não é seu agora. Agora nem existe mais. Síndrome de Estocolmo. Eu também gostei! ;)
O assunto "sair do armário" tem se tornado cada vez mais comum na mídia. Muitos astros de Hollywood das décadas de 50, 60 e 70 são apontados como tendo ocultado de suas biografias oficiais o envolvimento com pessoas do mesmo sexo. Eles porém não estão aqui para dizer se eram ou não eram. Marlon Brando, Clark Gable e Cary Grant são alguns dos galãs mais famosos nas listas.
Livros como A vida sexual dos ídolos de Hollywood de Nigel Cawthorne e Bastidores de Hollywood do jornalista americano William J. Mann trazem a tona as especulações e exploram possíveis provas.
Na biografia não-oficial de Paul Newman, lançada depois de sua morte, Darwin Potter afirma que o ator teria se apaixonado por Tom Cruise (esse volta e meia é incluso nas listas do "será que ele é?") durante as filmagens de A cor do dinheiro.
Na juventude, Newman ainda teria tido um caso com o também galã hollywoodiano James Dean. E é atribuída a Marlon Brando a afirmação: "ele era tão bissexual quanto eu. Mas enquanto eu era sempre pego de caças arriadas, ele dava um jeito de fazer tudo na surdina."
Agora, no entanto, as celebridades são acusadas por alguns de tentar beneficiar-se ao revelar sua homossexualidade perante o público. Há também os que as utilizam como exemplo para as novas gerações, vendendo o "coming out" como forma de libertação. Mas o que significa identificar-se como gay ou "bi" em nossa sociedade?
Os assumidos
Após negativas públicas e muita especulação, Ricky Martin assumiu aos 38 anos, afirmando: "Tenho orgulho de dizer que eu sou um homossexual de sorte. Eu sou muito abençoado por ser quem eu sou." A declaração completa do cantor pode ser lida aqui, numa versão em português.
Anna Paquin, que ganhou o Oscar ainda criança pelo filme O Piano, mais conhecida pelo público brasileiro por seu papel em X-Men e no seriado True Blood, aparece no vídeo a seguir declarando sua bissexualidade. A atitude da atriz neo-zelandesa justifica-se pela luta pelos direitos iguais.
Sir Elton John, que também participa do vídeo da Fundação True Colours, e saiu do armário nos anos 80s, aparece dizendo: "Imagine andar pela rua imaginando se esse será o dia em que vão te bater ou matar simplesmente por você ser quem é".
O site ArmarioX, quando foi lançado em 2003, afirmava ter como objetivo ensinar o público gay a "sair do armário". Fabrício Viana, responsável pelo portal, é também o autor do livro "O armário".
Um dos estudiosos brasileiros mais reconhecidos sobre o "mundo gay" que bom que eles têm um só pra eles, não? é o ensaísta João Silvério Trevisan de Devassos no Paraíso, publicado originalmente em 1986.
Outro destaque é Luiz Mott, doutor em Antropologia, estudou na USP e na Sorbonne, lecionou na Unicamp, é professor na Universidade Federal da Bahia e autor de uma dezena de livros. E ainda foi o primeiro gay assumido a ser condecorado como Comendador da Ordem do Rio Branco.
Na televisão, o primeiro a abordar com mais profundidade o tema e com personagens centrais encarnando os dramas e os prazeres da homossexualidade é o seriado Queer as Folk - realizado originalmente no Reino Unido e depois produzido pelo canal Showtime - as gravações aconteciam no Canadá mas o enredo se passava na cidade de Pittsburgh nos EUA.
Nesta versão, que completou 5 temporadas, o personagem Justin disse certa vez que nenhum ator não gay aceita fazer papel de gay. Porém, os próprios atores da série, que no Brasil ganhou o título Os assumidos, não confirmaram a veracidade disso.
Robert Gant é um dos atores de Queer as Folk que tornou pública sua homossexualidade. Já Hal Sparks, à direita, que contracenou cenas de muito romance e intimidade com o louro disse que foi tudo profissional ou como diria o Vídeo Show um sexo técnico.
De acordo com o site especializado em "cultura LGBT", Mix Brasil, o inglês Colin Firth, que recebeu mais de 6 prêmios por sua atuação no filme de Tom Ford A Single Man (Direito de Amar), onde interpreta um homem que perde o companheiro num acidente de carro, afirmou que atores homossexuais não devem se assumir, sob pena de perderem bons papéis. "Acho que devemos ser livres para interpretarmos qualquer papel – mesmo assim ainda acho que existam barreiras invisíveis que não podem ser cruzadas."
Em 2008, a supermodelo Isabelli Fontana (foto acima) disse que não gostaria de ter um filho gay. O comentário gerou grande polêmica após a exibição da entrevista no programa da Hebe.
Em defesa na Folha Online ela explicou: "O que falei, é o que penso. Amo os gays. Tenho milhões de amigos gays. São as pessoas mais divertidas que conheço. Disse que não gostaria de ter um filho gay porque sei como eles sofrem com o preconceito. E nenhuma mãe gosta de ver seu filho sofrer." É inevitável lembrar de frases comuns como "tenho muitos amigos negros" ou "tenho negros na família".
Um ponto positivo para ela é a maneira como expôs-se mesmo diante de comentários completamente contrários dos outros convidados, e do meio onde ela trabalha, como a própria chamou atenção. Venhamos e convenhamos mas ela podia ter simplesmente ido de acordo com o que outros diziam. A apresentadora Hebe, por sua vez, balançava a cabeça em sinal de concordância e no final contemporizou "é uma questão de opinião".
Lembro de uma professora que dizia "sua sinceridade não me interessa". É inocência ou ignorância acreditar que podemos dizer tudo que pensamos. Para análise mais profunda do assunto, recomendo A ordem do discurso de Michel Foucault, de quem iremos lembrar mais a frente.
O vídeo pode ser assistido, clicando aqui. Mas o que me chamou mais a atenção é o comentário de um dos visitantes que o assistiram "creio que nenhum pai deseja isso pro seu filho. Sou gay e entendo a opinião dos demais. Hoje em dia se eu pudesse ter um filho também ia preferir que ele não fosse gay para não sofrer o que eu sofri!"
Questionado pelo Jornal O DIA sobre a declaração de Ricky Martin, Miguel Falabella respondeu: "Achei maravilhoso. Mas acho tão fora de moda esse negócio de questionar a sexualidade dos outros. O mundo está acabando... Não tenho a menor intenção de saber a opção sexual das pessoas, só das que quero comer. Se ele teve esse tipo de necessidade é um fato. Os preconceitos sempre vão existir, porque o ser humano é mesmo intolerante!".
Quanto a se faria o mesmo, o ator e diretor disse: "Não faria isso, porque o Brasil é muito despreparado. Somos aborígenes, ainda mais porque esse tipo de imprensa é de quinta categoria. E se você assume, passa a ser gay e deixa de ser tudo o que você realmente é."
Perguntas que surgem:
Será que é tanta vantagem assumir que é gay? Lembremos que muitas vezes as mesmas "honestas" celebridades são acusadas de quererem simplesmente chamar atenção, fazer auto-propaganda, ao tornarem público sua homossexualidade ou bissexualidade.
Diante desse questionamento, uma resposta pronta e muito repetida é "puxa, mas é tão triste ter de ficar escondendo". Mas sejamos sinceros, por que o mundo precisa saber? Por que tanto interesse por isso? Serão que não estão querendo saber quem você é para melhor identificá-lo?
No século XIX inventaram que ser negro constatava inferioridade biológica. Os que fugiam das senzalas eram facilmente identificados,já que tratava-se de uma característica aparente, e levados de volta a escravidão, em geral com direito a muito a muita tortura. Eram, já que inferiores, apenas mercadorias. Também disseram que homossexualidade é doença mas... se a pessoa não corresponder aos paradigmas do que é ser gay, como saber que você não está sendo "enganado"?
Dizem também que existe um mercado promissor chamado "pink money". Por que não explorá-lo? Lembra da "estratégia do oceano azul"? Mas o que ouvimos hoje em marketing que é mais importante que tudo na hora de planejar uma campanha?
Acertou quem disse saber quem é seu público-alvo, quais sãos seus hábitos de consumo, referências, aspirações. E se estamos falando de gays, precisamos saber primeiro quem são os gays, é ou não é?
Prestemos atenção a matéria da revista ISTOÉ Dinheiro que tem como subtítulo: "Empresas descobrem a força desse milionário segmento, formado por um consumidor que gasta mais que o heterossexual e é fiel às suas marcas".
Segundo o fundador do Bureau de Negócios GLS, Franco Reinaudo, sócio da operadora Álibi Turismo, "as empresas estão se preparando agora. É uma fase de transição entre um mercado que era tabu para uma grande oportunidade de negócio."
Alguém já lhe contou que gosta de pessoas do sexo oposto? Não somos todos iguais? Então por que o contrário tem ganhando tanta atenção na mídia? Será que isto de alguma forma proporcionará aos homossexuais e bissexuais serem mais felizes?
Se pensarmos no caso dos atores, com ênfase aos hollywoodianos, que vivem em um mundo onde a sexualidade é aceitável entre eles, podemos supor que suas vidas não sejam obrigatoriamente opressoras, enquanto circulam no apertado meio artístico.
Mas se formos para o grande público vemos, como no comentário do ator Colin Firth, casado há anos com uma italiana, e que já interpretou mais de um personagem gay no cinema (vide Mamma Mia!), que ser assumido provoca uma série de problemas que podem travar a própria expressão artística daquele que se diz homossexual, como não conquistar o papel desejado ou ficar fadado aos mesmos tipos.
Existem muitos gays, inclusive os assumidos que guardam neles mesmo a opressão e a manifestam em uma maneira de viver a vida destrutivamente, sem laços, sem compromissos. Voltando para comparação anterior, isso não os faz muito diferentes de pessoas de pele negra que conservam o preconceito contra outros negros, inclusive contra ele mesmo. Não acredito na classificação de raças e disso podemos tratar em outro tópico.
No blog, diga-se de passagem interessantíssimo, CyberCultura e Democracia Online, o autor diz: "a repressão da homossexualidade é interiorizada e aceita pela maior parte das suas vítimas: os homossexuais que interiorizam o opressor são impedidos de viver saudavelmente a sua homossexualidade."
Viver a homossexualidade não é sinônimo de sair do armário. Assim como ninguém precisa dizer que é heterossexual para viver sua heterossexualidade. Também não pode ser confundido com a experiência em relações sexuais com pessoas do mesmo gênero.
Trata-se de algo mais profundo, já que estamos falando de livrar-se de uma repressão interiorizada. Aprendemos desde pequenos, mais ou menos intensificado, a ver o afeto e a atração por pessoas do mesmo sexo como algo desnatural, errado, nojento, mal.
Há os que sujeitam-se a viver uma vida dupla, conhecendo no outro apenas o prazer sexual, sem afeto já que "impedido" ou "travado" de relacionar-se romanticamente. Daí ou chegam a casamentos de fachada ou tornam-se os solteirões solitários, carregados do estigma de pena de amigos e parentes que lamentam a sua "escolha".
Alguns tornam-se caricaturas. Crendo que ser gay exige um comportanto "efeminado" do homem ou "masculinizado" da mulher e por vezes utilizando-se desses trejeitos em revide a agressão que recebem da sociedade.
Quantos materias como filmes e programas de tv não reduzem o homossexual a alguém sexualizado, escravizado, mal-amado, fadado a solidão e sem apoio quando chegar a velhice (se a tiver)?
Mais importante do que realizar-se sexualmente ou declarar-se ao mundo está em assumir-se para si. Aceitar-se como ser diferente e único. E não desistir de si mesmo em razão da imposição dos outros.
Em seu blog, J. Francisco Saraiva de Sousa, chama a atenção para o filósofo francês Michel Foucault. Diante da obrigação de resistir "à omnipresença da opressão quotidiana e à capilaridade das tecnologias do poder disciplinar" ele teve de reagir, tornar-se forte. Como ele fez isso?
Foucault, que era homossexual assumido, "realizou esta prática de si recorrendo à mediação do trabalho histórico: sondou o passado da civilização ocidental para questionar a evidência dos critérios mediante os quais o poder disciplinar produziu formas de exclusão sobre as quais repousa a nossa sociedade."
A escolha de revelar-se ao mundo é opcional. Sua sexualidade é que não é opção. Mas antes do mundo, revele-se a si, se goste, seja forte e parte disso virá justamente de conhecer mais sobre os outros fofoca não funciona.
"Não me pergunte quem sou e não me diga para permanecer o mesmo." - Michel Foucault