Antes de começar, devo explicar que como não sabia onde colocar o music video Música para ouvir de Arnaldo Antunes, encaixe-o aí em cima o que não significa que seja uma imposição para que a sua primeira atenção se dê a assisti-lo. Se eu fosse um poeta dos bons provavelmente saberia... nem foi esta a tal música que me desencadeou o texto abaixo. Depois que acordei, peguei num livro e fui me alimentar do pensamento dos outros, momento em que me confrontei com a ideia de confrontar-me com o meus próprios, mas mesmo durante esse tempo um vizinho que prefiro não identificar chegou impondo o pensamento de terceiros. Tratava-se do álbum inaugural de Maria Rita que nem desgosto.
Eu quero pensar. Vejo minha imagem refletida na tela e noto olhos sujos; na verdade limpos já que a sujeira saiu e está em volta. A música interefere no raciocínio e nem sempre isso é sinal que lhe fará pensar. Quantas vezes me percebi cantando coisas que não entendo, além de muito do que discordo. Outro dia ouvi a Maria Bethânia dizer que só canta o que acredita. E quantas vezes cantei suas músicas cheias de coisas que não acredito?
Olho em volta e não estou diferente. Ouvimos música demasiadamente. Nos entorpecemos com música. Música é uma droga. Basta ser mal utilizada por um tolo qualquer e pronto. A masturbação é outra droga. Droga digo daquilo que lhe tira do domínio de si, mas só a ponto da coisa lhe escravizar. A vida em comunidade pode nos tornar meras amebas. Como tudo pode ser tão ruim? O mal está em todo lugar. Mesmo nas virtudes, mesmo na caridade, mesmo nos conselhos despropostitados.
Olhar o céu... Lembro dos sonhos em que voava. Tenho sentido falta deles se os tenho já não lembro. Agora lembro que neste último sonhei que via uma menina com quem estudei. Ela usava uma roupa comprida, como um sobretudo, de cor azul como na escola e provavelmente era mesmo um uniforme escolar. Agora me parece que tenha sido algo como eu hoje voltado no tempo, pois ela parecia a mesma e pegava o metrô como antes. Eu é que estava como só depois passei a parecer. Ela passava como tantas e me parece que ao atravessar-me encontrava com alguém, possivelemnte uma outra menina a qual não conheço, talvez duas.
O desenho do céu mudou bastante desde aquele momento, o caminho antes aberto estreitou-se, fechado senão pela luz. Eu pensei e sabia que era um sonho mas agi depois como se não soubesse. Fui cumprimentá-la, achava estranho ela estar ali como que vinda do passado, ou seria eu no passado? Lúcia. Ela respondeu? Parece que sim. Mas vem o trem, embora estivéssemos por alguns momentos numa estação de metrô. Avisos sonoros foram feitos, muitas pessoas reclamavam umas com as outras (quando reclamações são feitas aos responsáveis - sempre a representantes que nada representam - em geral acabam em brigas, discussões acaloradas que perdem o objetivo aparente e se tornam como chamam barraco, recheadas de xingamentos pessoais e extensivos aos familiares, comumente de referências a moralidades sexuais).
Lúcia desapareceu, parece que não entendi o que ela respondeu mas era tarde e ela se foi como meu sono. O que adianta passar a vida falando das coisas que não viveu? Sonhar não é o mesmo que lamentar. Lamenta-se pela perda no futebol, cogita-se o não cumprimento de promessas, como os outros são infelizes... E eu pergunto para que?
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